sábado, 8 de novembro de 2008

Salgueiro nascido da rocha

Outono à beira Tâmega

O Tâmega no Outono

sexta-feira, 7 de novembro de 2008

Reversível... Irreversível!?

Vá lá..."SUBSTITUAM"


Tive a oportunidade de constatar que o Plano da Direcção Geral de Energia, aprovado pelo Governo, e que prevê a construção de inúmeras barragens(PNBEPH), não descartava "a possibilidade de se vir a deparar com dificuldades imprevisíveis na construção de novos aproveitamentos hidroeléctricos de grande e média dimensão..."

Face a tal possibilidade, o dito Plano recomenda o estudo de um cenário alternativo, baseado na realização de reforços de potência de aproveitamentos hidroeléctricos já existentes

Por estranho que nos possa parecer, aquele Plano admite a possibilidade de substituir o Escalão de Fridão pelo reforço de potência de Salamonde, que designam de Salamonde II.

Pode conclui-se daqui que a Barragem de Fridão é facilmente substituível por uma solução muito menos penalizadora, já que incidirá sobre um rio artificializado em todo o seu curso nacional, não acrescentando mais factores de instabilidade aos já existentes!

Dessa forma as "dificuldades imprevisíveis", receadas, não ocorreriam, e o Tâmega continuaria igual a si mesmo, espelho e reflexo da beleza da nossa região!

Amarante, poderia então, empenhar-se no combate à eutrofização das águas da albufeira do Torrão e devolver ao rio a saúde ambiental que lhe roubaram, a troco de um punhado de KWs de energia, que não sabemos a quem aproveitam!

Essa decisão de "SUBSTITUIR" pouparia inúmeros incómodos àqueles que, não sabendo bem o que devem defender, se sentem "como o tolo no meio da ponte", e aos que sabendo bem quanto a querem, nos tentam convencer do contrário!

Tal solução, SÁBIA DECISÃO, salvaria a face dos que "como quem não quer a coisa" se vão acomodando à ideia de que a barragem é irreversível, e vão convencendo outros da sua fatalidade!

Irreversível é que não é, pois até a querem Reversível, que o mesmo é dizer que a água vai andar ali num sobe e desce até que já "gasta"a deixem escapar, para lhe repetirem a tortura na Barragem do Torrão!

Não sei se quando se escapar, ainda se lhe poderá dar o nome de ÁGUA!?
Porque esta, costuma ser incolor, insípida e inodora!

E "aquela coisa" verde, estagnada na albufeira do Torrão,água é que não é concerteza!

Repetir a dose a montante de Amarante e na belíssima zona de Fridão... SÓ de LOUCOS ou de CEGOS!

Que ninguém se cale! Pois só criando "DIFICULDADES IMPREVISÍVEIS" levaremos os decisores a SUBSTITUIR FRIDÃO POR SALAMONDE!

segunda-feira, 20 de outubro de 2008

ÁGUAS TURVAS...

A construção de uma barragem e a criação de uma albufeira, são factores que se reflectem sempre de forma negativa, na qualidade da água de um rio!Um dos fenómenos que afecta estas águas represadas é o da Eutrofização.
Para nós, leigos no assunto,deixo no final deste texto, um documento informativo sobre este fenómeno!
Mas julgo que será suficiente dizer que tal fenómeno é o responsável pela proliferação das microalgas, de cor verde, a que já todos nos habituamos, na albufeira do Torrão!
Quem não viu já o Tâmega, ali para os lados de Gondeiro, Crueis ou Formão(Carvalhinhas), com aquele aspecto de "relvado", verdinho e uniforme, que nos dá a sensação de poder caminhar sobre a superfície da água?
Ora, imaginem agora o agravamento daquela situação, com uma Barragem em Fridão,onde o fenómeno será mais do que certo, face a estudos de carácter ambiental realizados nos anos 90.
Nesse estudo, concluíram os entendidos que, o fósforo será o nutriente da albufeira de Fridão e que a mesma, poderá atingir condições mesotrópicas, que se agravarão até à eutrofização em anos de menos caudal e em especial durante o Verão!
Para o agravamento do fenómeno, contribuirá a grande profundidade da albufeira, de onde se libertarão compostos orgânicos insuficientemente degradados pela fermentação das lamas de fundo. A consequência será a degradação da qualidade da água quanto à cor e características organolécticas.
Os efluentes domésticos das zonas urbanas a montante,levarão à concentração de microorganismos patogénicos que agravarão a situação!
Concluindo a água da albufeira de Fridão será um líquido de aspecto desagradável, turvo, malcheiroso onde irão proliferar insectos e não recomendável para a prática de actividades de recreio, que impliquem contacto físico com a água!Ocorrerão seguramente cianobactérias com graves consequências do ponto de vista da saúde ambiental e humana! As toxinas por elas produzidas afastarão a possibilidade do consumo daquela água pelas populações e até o consumo dos peixes será um factor de elevado risco pois poderão acumular essas toxinas no seu organismo e transmiti-las aos humanos...

E LÁ SE VAI O DESENVOLVIMENTO TURÍSTICO QUE TANTO PROMETEM...


Como prometido, aqui fica o documento sobre eutrofização, retirado da Net e que agradeço à autora

" Eutrofização
• Eutrofização - conceitos:
o Os charcos, os lagos e as albufeiras são mais vulneráveis à poluição do que os cursos de água superficiais e oceanos. Os contaminantes sofrem uma diluição menos acentuada devido ao menor volume de água e de corrente.
o Aos lagos e albufeiras chegam escorrências de terrenos circundantes, ricas em sedimentos e nutrientes. O enriquecimento dos lagos em nutrientes denomina-se eutrofização.
o Eutrofização natural – ocorre ao longo de grandes períodos de tempo, como parte do processo de sucessão ecológica que se verifica durante a evolução dos ecossistemas.
o Eutrofização Cultural – resulta de actividades humanas (origem antrópica) e verifica-se junto a zonas urbanas ou agrícolas. Os nutrientes que atingem o lago são principalmente nitratos e fosfatos com origem na agricultura e na pecuária, na erosão do solo e nos efluentes das estações de tratamento.
o Para além dos efeitos sobre os ecossistemas, a eutrofização reduz o valor estético e recreativo dos lagos e albufeiras.

• Processo de eutrofização - quando uma determinada massa de água pobre em nutrientes (oligotrófica) os adquire, há toda uma série de alterações que ocorrerão:
 o aumento da concentração de nutrientes favorece o crescimento e a multiplicação do fitoplâncton, o que provoca o aumento da turbidez da água;
 devido a tal, a luz solar não chega às plantas que se encontram submersas, não ocorrendo a fotossíntese;
 o desaparecimento da vegetação aquática submersa acarreta a perda de alimento, habitats e oxigénio dissolvido;
 embora os lagos eutróficos possuam elevada quantidade de fitoplâncton, que produz oxigénio através da fotossíntese, a sua distribuição superficial provoca nesse sector uma saturação em oxigénio, que se escapa para a atmosfera, pelo que não restabelece o oxigénio dissolvido ao nível das águas profundas;
 o fitoplâncton tem taxas de crescimento e reprodução muito elevadas, formando «tapetes» verdes à superfície dos cursos de água, principalmente nos sectores com correntes fracas. Quando estes organismos morrem, depositam-se no fundo, formando espessos depósitos;
 o aumento de detritos leva a um aumento de decompositores (essencialmente bactérias), cujo crescimento exponencial provoca uma diminuição do oxigénio dissolvido (consumido na respiração);
 o esgotamento do oxigénio leva à morte por asfixia de peixes e crustáceos, mas não de bactérias, que recorrem à fermentação e respiração anaeróbia;
 as bactérias proliferam e aproveitam o oxigénio, cada vez que este está disponível, mantendo a água com permanente carência em oxigénio;
 pode ainda ocorrer oxidação da matéria orgânica e de outros compostos, contribuindo também para a diminuição do oxigénio dissolvido e agravamento da eutrofização;

• Carência Bioquímica de Oxigénio (CBO): é a quantidade de oxigénio necessária aos decompositores aeróbios para decompor os materiais orgânicos presentes num certo volume de água. É um indicador da quantidade de matéria orgânica biodegradável presente na água, uma vez que, quanto maior a concentração de matéria orgânica de uma água, maior será a quantidade de oxigénio utilizada pelos decompositores.


Ana Silva Martins

sábado, 18 de outubro de 2008

Opinião do GEOTA sobre o PNBEPH

Posição do GEOTA sobre o
“Plano Nacional de Barragens com Elevado Potencial Hidroeléctrico”
O Governo aponta na direcção errada em matéria de Energia e Ambiente!


Lisboa, 31/10/2007

O Governo apresentou recentemente o “Plano Nacional de Barragens com Elevado Potencial Hidroeléctrico” (PNBEPH), que prevê que os aproveitamentos hidroeléctricos a implementar assegurem valores de potência instalada adicional na ordem dos 2000 MW, para que Portugal atinja em 2020 uma capacidade hidroeléctrica superior a 7000 MW. Porém, na realidade, quase metade da potência instalada adicional será obtida com a construção do Baixo Sabor e de Ribeiradio e com o reforço de potência de barragens já existentes. As 10 novas barragens que agora se propõem não atingirão, no seu conjunto, 1200 MW.

Das dez barragens, seis estão indicadas para a bacia do Douro. Dessas seis, cinco estão previstas para a sub-bacia do Tâmega (a outra é a famosa barragem de Foz-Tua, que irá submergir a linha do Tua). Quatro das cinco barragens da sub-bacia do Tâmega serão construídas no interior de um círculo com um raio de uma dezena de quilómetros (Vidago e Daivões, no Tâmega; Gouvães, no afluente Louredo; Padroselos, no afluente Beça). A quinta barragem, Fridão, situa-se a 12 km a montante de Amarante. A bacia do Douro, a grande sacrificada, é uma bacia com o rio principal artificializado e com quase todos os restantes altamente intervencionados. As pequenas áreas que restam, em que os sistemas lóticos prevalecentes se podem classificar de naturais, isto é, onde a biodiversidade ainda é relevante, serão deste modo praticamente eliminadas.

O GEOTA considera que a aprovação do PNBEPH, a acontecer, é um grave erro que o país pagará severamente nas próximas décadas. O GEOTA opõe-se a este Plano porque:

1) Em termos de planeamento de recursos hídricos o Governo está “a pôr o carro à frente dos bois”: O princípio da região hidrográfica como unidade principal de planeamento e gestão das águas, tendo por base a bacia hidrográfica como estrutura territorial, está consagrado na Lei da Água e os planos de gestão das bacias hidrográficas são atribuições das administrações das regiões hidrográficas (ARH). O potencial hidroeléctrico é apenas uma valência (e certamente não é a única relevante) de um curso de água. Se o PNBEPH for aprovado antes dos Planos de Gestão das Bacias Hidrográficas, isso significa colocar as novas ARH perante um facto consumado, isto é, dizer-lhes: "trabalhem, tendo isto como dado adquirido".

2) A tónica deve ser colocada na elaboração de um Plano para a Eficiência/Poupança Energética, incluindo a melhoria da eficiência dos actuais sistemas de produção, transmissão e distribuição de energia. Portugal é um dos países mais ineficientes da Europa em termos energéticos. Temos a segunda pior intensidade energética do PIB da UE15, e este indicador não só não tem melhorado como até tem piorado nas últimas décadas. Estamos com taxas de crescimento da procura de electricidade quase duplas do crescimento do PIB. Temos um potencial de poupança de energia eléctrica, técnico-economicamente viável, que ascende a 25 a 30% dos consumos. Só com investimentos de alta rentabilidade (período de retorno inferior a três anos), seria possível poupar na ordem dos 6 a 10% do consumo actual — 1,5 a 2 vezes o que PNBEPH espera conseguir, com cerca de um terço do custo e um impacte ambiental incomparavelmente mais baixo! Reduções da mesma ordem de grandeza são igualmente viáveis em relação aos picos de potência solicitada à rede.

3) O Relatório ambiental do PNB é desconforme com o DL 232/2007 de 15 de Junho. É de aplaudir a submissão do Plano a avaliação do impacte ambiental, mas não é aceitável que ele seja omisso, designadamente na identificação das “características ambientais das zonas susceptíveis de serem significativamente afectadas, os aspectos pertinentes do estado actual do ambiente e a sua provável evolução se não for aplicado o plano ou programa” (alínea b) do nº 1 do artigo 6º). Como pode ser posto em discussão pública sem uma análise de conformidade séria? Que entidades foram consultadas antes de se pôr o Plano em Consulta Pública (artigo 7º)? Pode concluir-se que todo o processo foi conduzido de forma muito apressada, duvidosa e atabalhoada, apanhando a opinião pública desprevenida. O procedimento apresenta muitas falhas podendo determinar a sua nulidade e por isso o GEOTA é de opinião que se corrijam as deficiências e se inicie um novo período de Consulta Pública. Em especial, este plano e respectivo relatório ambiental ignoram uma das funções fundamentais de uma avaliação ambiental estratégica: avaliar os impactes cumulativos de um conjunto de empreendimentos. De facto, não foram quantificados nem devidamente avaliados impactes cumulativos inquestionavelmente importantes, como a destruição de habitats e corredores ecológicos, o desaparecimento de troços de rio não artificializados, e a retenção de sedimentos que deixam de chegar ao litoral e que portanto irão agravar a erosão costeira.

4) O PNB não toma em consideração que barragens cujas albufeiras apresentem águas eutrofizadas contribuem para a produção de GEE. Ignorando injustificadamente este aspecto, que aliás caracteriza a maioria das albufeiras nas bacias a serem afectadas, distorce a realidade ao atribuir impacte positivo, no parâmetro “alterações climáticas”, directamente proporcional à potência instalada de uma barragem, sem levar em conta o estado trófico provável em cada uma das albufeiras, nem a energia efectivamente produzível. Isto é tanto mais falacioso quando são completamente desprezadas formas alternativas de resolver o problema dos picos de potência.

5) Barragens potenciadoras de turismo é uma falácia para enganar autarcas incautos. Portugal está cheio de albufeiras desertas de turistas. Os turistas que procuram o contacto com a natureza privilegiam precisamente os ambientes que estas barragens vão destruir, como é o caso relevante da envolvente da linha do Tua ou do Castelo de Almourol. É muito provável que o impacte sobre o turismo seja altamente negativo, num domínio em que Portugal tem um potencial único. Enquanto o turismo de “pé-de-albufeira” é sazonal e de baixa qualidade, os desportos de “águas brancas” são uma fonte de receita turística de alta qualidade todo o ano.

6) A criação de emprego na construção e operação é outra falácia. Todos sabem que a construção de uma barragem é feita, na sua esmagadora maioria, com mão-de-obra imigrante e pessoal permanente da indústria da construção e que a sua operação é realizada praticamente de forma automática, pelo que não gera emprego local significativo.

7) O PNBEPH foi preparado à revelia dos interesses regionais e locais. O GEOTA efectuou contactos com os presidentes das Câmaras Municipais de Amarante e Mirandela, que se declararam abertamente em oposição aos projectos das barragens de Fridão e de Foz-Tua, duas das barragens-chave do PNBEPH. O GEOTA considera que nenhum plano deve ser executado ignorando a posição das populações e dos seus legítimos representantes, respeitando antes o princípio da subsidiariedade.

Por todas estas razões e porque o GEOTA está convicto de que o Governo aponta na direcção errada em matéria de Energia e Ambiente, o GEOTA declara a sua oposição ao PNBEPH, convidando todas as entidades que, de uma forma ou de outra, se consideram lesadas por este Plano a manifestarem-se ainda durante o período de Consulta Pública em curso e a projectarem formas de acção que incrementem a participação pública nesta discussão que vai marcar o país para as próximas décadas.

terça-feira, 14 de outubro de 2008

Tremores de Terra!? Não , obrigado.

Um dos aspectos que mais me preocupa quando se fala na construção da Barragem de Fridão, é a da segurança da mesma, dado que "...a região em que se inscreve o aproveitamento se situa na zona sísmica C, isto é, de risco sísmico reduzido..."(Anexo 5 do PNBEPH)
Só que nesta zona de risco sísmico reduzido(actualmente!) vai ser introduzido um factor de forte instabilidade, que é uma albufeira com cerca de 100 metros de profundidade e com capacidade para uns milhões de metros cúbicos de água.A construção e o futuro enchimento da albufeira numa área recortada por várias falhas, poderá induzir a ocorrência de sismos.
A esses sismos, chamam os entendidos,SIR(Sismos Induzidos por Reservatórios) e andam associados a reservatórios com grande capacidade de armazenamento e com elevada altura, como a barragem que aqui querem construir!
Andei a tentar aprender algo sobre o assunto e permito-me aqui reproduzir um texto da universidade de Brasília, que me parece elucidativo.


Sismicidade Induzida

"Além das forças naturais, certas acções do homem podem produzir terramotos localizados como as explosões nucleares. A formação de lagos artificiais, com o propósito de gerar energia, também pode gerar tremores de terra e este fenómeno é denominado sismicidade induzida por reservatórios (SIR).
Embora seja um fenómeno raro - são milhares de reservatórios para poucos casos de SIR - ele é considerado um perigo potencial já que existem barragens espalhadas por todo o mundo. Tempos atrás, acreditava-se que os lagos artificiais só podiam gerar sismos de pequena magnitude, associados exclusivamente ao peso da água neles contidas. Constatou-se depois que não se pode descartar a hipótese de uma relação entre terramotos catastróficos e enchimento de reservatórios. Por isso, o estudo da SIR tornou-se um campo de particular importância para as pesquisas sismológicas.

Possível mecanismo para geração de sismos induzidos
A construção da barragem cria um novo lago, que irá alterar as condições estáticas das formações rochosas do ponto de vista mecânico (em virtude do próprio peso da massa de água), e do ponto de vista hidráulico (em consequência da infiltração do fluido na subsuperfície, que causa pressões internas nas camadas rochosas profundas). A combinação das duas acções pode desencadear distúrbios tectónicos e, eventualmente, gerar sismos, caso as condições locais sejam propícias.



Efeito da pressão da água nos poros da rocha

Mesmo que o peso da água, em reservatórios com mais de cem metros de profundidade, seja insuficiente para fracturar as rochas da base, a coluna de água exercerá uma pressão hidrostática, empurrando o líquido através dos poros das rochas e de fracturas pré-existentes.
Esse incremento de pressão pode levar meses ou mesmo anos, para avançar distâncias não muito longas, dependendo da permeabilidade do solo e das condições de fractura das rochas. No entanto, quando a pressão alcança zonas mais fracturadas, a água é forçada para dentro das rochas, reduzindo o esforço tectónico e facilitando o deslocamento de blocos falhados. Este processo é incrementado pela acção lubrificante da água, que reduz a fricção ao longo dos planos das fracturas e falhas. A água tem ainda o papel de agente químico: ao hidratar certas moléculas, ela enfraquece o material e favorece a formação de novas fissuras, que levam o líquido a penetrar ainda mais profundamente no interior do maciço rochoso.
A SIR é, portanto, um fenómeno dinâmico resultante da interacção complexa das novas forças induzidas pelo lago, que passam a interferir sobre o regime de forças naturais previamente existentes. Não se sabe, ao certo, se o reservatório apenas antecipa a ocorrência de terramotos que viriam a ocorrer de qualquer maneira, ou se pode também alterar a magnitude dos sismos.


Exemplos mundiais de SIR

Um dos casos mais espectaculares ocorreu na Índia, no ano de 1967, no reservatório de Koina, com 103 metros de altura, em região sismicamente estável e geologicamente muito antiga. O sismo atingiu magnitude 6.4 na escala Richter, deixou 177 mortos e 2.300 feridos, além de causar danos estruturais à barragem e outros estragos consideráveis em localidades vizinhas.
Na mesma década de 60, observou-se ainda 3 outros casos de SIR, com magnitudes acima de 6.0, em áreas de barragens com altura superior a 100 metros: Xinfengkiang, 105 m, na China; Kariba, 128 m, na Africa; e Kremasta, 147 m, na Grécia. "


Ora, as condições do local reúne características muito preocupantes: Uma delas é o facto de a estrutura rochosa estar profundamente fracturada e fragmentada, com predominância de xistos fortemente laminados e fissurados, que vão permitir a infiltração das águas da albufeira, e nem as argilas associadas estão imunes à diluição, pela pressão da água!
Além daquela característica, importa referir que a albufeira será vizinha de um couto mineiro largamente explorado, e cuja extensão e dimensão das galerias subterrânes é praticamente desconhecida!Logo, uma zona onde se acrescenta mais este factor de risco, que agrava a possibilidade da ocorrência de sismos induzidos!
Todos os amarantinos sabem que ali perto estão as conhecidas Minas de Vieiros e as Minas do Fontão, estas a uma cota que me parece inferior à da superfície que a água virá a ter na projectada albufeira!
A penetração da água, devida à enorme pressão que irá exercer, poderá desestabilizar toda a região e originar sismos, cuja gravidade e consequências ninguém está em condições de prever!

E continua a bater-me nos olhos aquele pedaço de texto que em tempos li num Estudo de Impacte Ambiental encomendado pela EDP à TECNINVESTE, ENGE-RIO PORTUGAL(Vol. IV do Relatório Síntese III)

" Tendo em conta que a albufeira do Fridão será construida numa área recortada por várias falhas de desenvolvimento regional que já apresentam baixa actividade sísmica, PODERÃO EXISTIR RISCOS SIGNIFICATIVOS DE SISMOS INDUZIDOS"

Não é de meter medo?

sexta-feira, 10 de outubro de 2008

As falácias

Por estranho que nos possa parecer ainda há quem veja na construção da barragem de Fridão, uma oportunidade a não perder!!
E os argumentos são quase sempre, o da criação de emprego e o do desenvolvimento!
No tocante ao primeiro argumento, nada há de mais enganador! As grandes obras usam quase sempre mão-de-obra vinda de fora, muitas vezes estrangeiros em situação de legalidade duvidosa, mal pagos e alojados em condições pouco dignificantes,que em lugar do desenvolvimento desejado, trazem por vezes, inúmeros problemas sociais!
Argumentam também que as barragens são necessárias para reduzir o fenómeno do aquecimento global, mas ou não sabem ou escondem que as albufeiras são responsáveis pela produção de metano, gás que em muito contribui para o indesejado efeito de estufa!Li aliás, algures num artigo científico, que as barragens contribuem em 4%para o aquecimento global e que ainda não é clara a contribuição das barragens para a emissão de dióxido de carbono e óxido nitroso, que agravam o problema!
Argumentam ainda que as barragens contribuem para o controlo de cheias...(!)quando qualquer pessoa avisada já pôde verificar que, neste aspecto, o seu efeito é pouco claro! A Régua e Porto deixaram de ser afectadas pelas cheias do Douro? Então com tanta barragem por ali abaixo,são admissíveis as cheias que regularmente afectam estas duas cidades?
Finalmente esgrimem o argumento da necessidade de produzir energia e reduzir a dependência face ao estrangeiro. Penso que o caminho para a solução do problema terá de passar pela aposta forte nas energias alternativas e na redução dos consumos, que todos sabemos serem exagerados.

domingo, 5 de outubro de 2008

Mais barragem, menos barragem...

Há bem pouco tempo, ficamos a saber que não é uma barragem que se projecta para construção na área da Freguesia de Fridão, mas sim duas barragens!
E, se uma barragem incomoda muita gente, duas incomodam muito mais...
Com uma ou duas barragens, é seguro que desaparecerão irremediavelmente algumas das mais belas paisagens do Tâmega, no seu curso amarantino!
A perda será irreparável!
As matas ribeirinhas, onde pontificam os amieiros, os salgueiros, os freixos e outras espécies irão desaparecer, e com elas, as áreas de refúgio e de nidificação de um elevado número de espécies.
Não teremos mais o privilégio de nos encantarmos com a beleza do hipericão florido, com a verde exuberância dos fetos-reais, com a nobreza dos buxos selvagens, com o aroma dos mirtos,com o dourado dos lúpulos floridos ou com a esbelta elegância das cavalinhas!
Os penedos que nos convidavam à exploração, a um saudável exercício de sobe e desce, onde se abrigam os alhos selvagens floridos, ficarão para sempre sepultados, por milhões de metros cúbicos de água, de qualidade duvidosa.
O rio vai calar-se para sempre
O alegre cantarolar das águas por entre as pedras,não passará de uma bela recordação para aqueles que um dia, tiveram o privilégio de conhecer o Tâmega como um rio límpido e livre!
Algumas das nossas memórias colectivas vão afogar-se!
Amarante perde!
Perde irremediavelmente o que ajudou a fazer dela, uma das mais belas terras de Portugal!

quarta-feira, 24 de setembro de 2008

terça-feira, 29 de julho de 2008

domingo, 27 de julho de 2008

Férias?

Estava à espera das férias para me dedicar um pouco mais a este cantinho que criei, mas afinal, as férias são cada vez mais uma miragem!
Hoje decidi-me... até porque me parece urgente começar a dizer o que penso sobre a previsível(ou mais do que certa?!)barragem de Fridão!
Pouco ou nada tem sido feito para esclarecer as populações que serão afectadas por tão mastodôntica obra... e depois o resultado é o que se vê e que talvez interesse aos grandes grupos económicos da construção e da produção e distribuição de energia:Ingenuamente alguns acham que tal obra só vai trazer benefícios - vai dar trabalho a desempregados, vai trazer turismo e desenvolvimento e consequentemente riqueza, às comunidades!
Ninguém ainda os informou sobre o reverso da madalha...!
E as autoridades locais parecem continuar a assobiar para o lado(ou assobiam mesmo?), como se nada tivessem a ver com a questão!
Locais como o da foto que encima este blog, passarão a ser raras...!
E as consequências não se ficarão pela perda irreparável das paisagens que adornam o nosso orgulho!

sábado, 31 de maio de 2008