sábado, 27 de novembro de 2010

Não creio...! Tenho a certeza.

Desde há muitos anos que venho assumindo uma oposição clara à construção da Barragem de Fridão.

Não vivo na crença de que com a barragem todos os problemas de Amarante se resolverão!

Não acredito na criação de empregos estáveis e duradouros!

Não acredito que a barragem venha potenciar um desenvolvimento significativo da nossa região e muito menos do nosso concelho!

Não acredito que ela promova a fixação de população!

Não acredito que a barragem seja um factor de incremento turístico!

Nem acredito que os amarantinos sintam tal obra como sua!

Não acredito que se sintam seguros debaixo de tal paredão!

Não acredito na infalibilidade dos técnicos!

Não acredito em promessas sempre adiadas!


Não creio que a barragem seja má!
Eu tenho a certeza de que ela será má para todos nós!
E a certeza advém da análise da documentação disponível e que só não entende quem não quer entender!
Os impactes serão profundos, irreversíveis e altamente negativos a todos os níveis!

A Barragem não nos pode ser imposta, na ilusão de que ela é um imperativo nacional!
O interesse nacional tem de ser obrigatoriamente a soma dos interesses locais e nunca a vontade da capital imposta unilateralmente!

Recuso a destruição da minha terra às mãos de interesses financeiros que em nada atenuam as dificuldades da generalidade do povo português!

A nossa terra não pode continuar a abdicar daquilo a que tem direito em nome de uma solidariedade nacional de sentido único!


A qualidade de vida não se mede pelo nº de KW que cada um gasta no dia-a-dia, da mesma maneira que não é medida pelo nº de telemóveis e televisores que existem per capita!

segunda-feira, 25 de outubro de 2010

Múuuuuusica...!

"EDP promove ciclo de concertos com Orquestra do Norte



Iniciativa cultural leva música clássica às regiões das novas barragens EDP"




Não falta quem nos dê música...!
...para nos embalar ..., para nos adormecer ...


Também já percebi que não falta quem ganhe uns cobres com esta iniciativa e a da Orquestra Geração!


Mas esta de dar música aos "afogados" não lembraria ao diabo!


Não sei porquê, mas lembrei-me de imediato do Titanic!

domingo, 24 de outubro de 2010

Já foste...!

“o Governo exclui definitivamente a recuperação de percursos como a linha do Oeste, do Tua, do Tâmega, do Corvo e do Vouga.”
In SOL (Frederico Pinheiro)

Brevemente os Tameganus já poderão ir a pé ou de bicicleta, desde a Livração a Arco de Baúlhe!


Ora digam lá que isto não é progresso e desenvolvimento...!

E ainda se poupa na saúde, pois com tais caminhadas não há colesterol que resista!

É sempre a somar!

terça-feira, 20 de julho de 2010

Era uma vez...

A Senhora Ministra do Ambiente e do Ordenamento do Território, Dulce dos Prazeres Fidalgo Álvaro Pássaro fez publicar em Diário da República, 1ª série - Nº 135 do dia 14 de Julho do corrente ano de 2010, pela Portaria nº 498/2010 a Classificação das albufeiras das Barragens de Fridão (Escalão Principal e Barragem de Juzante)
Mulher prevenida, avançou com a classificação das albufeiras quatro ou cinco anos antes da sua existência real, prevista lá para 2016, se tudo lhes correr como desejam...!
Ninguém a poderá acusar de morosidade no processo, nem de inoperância dos seus serviços...!

Mas também ninguém nos esclarecerá sobre as razões que motivam tanta pressa neste particular!

A dita portaria é suficientemente esclarecedora para ficarmos a saber que afinal, e ao contrário do que diziam, as duas albufeiras estão destinadas à produção de energia! Então não era que a de Jusante só serviria para efeito de regularização dos caudais turbinados no Escalão Principal?

Então não era um dado adquirido que a albufeira da Barragem de Fridão iria contribuir para o desenvolvimento da região, potenciando actividades de lazer, recreio e turísticas?
Então as águas dessa albufeira não iriam permitir belas praias, como a de Veade em Celorico; não seria sulcada por barcos de recreio e por outros maiores que uniriam os povos da bacia do Tâmega em inolvidáveis cruzeiros?
Quem já não se terá imaginado a cavalgar uma potente mota de água, rio acima?
Ou a vencer as distâncias numa veloz lancha?
Ou a fazer belas pescarias?

Afinal tudo isso, parece … nunca passará de uma miragem!


Basta ler o…


Decreto-Lei n.º 107/2009
de 15 de Maio
...
CAPÍTULO II
Classificação


Artigo 7.º


Classificação de albufeiras de águas públicas
1 — A classificação das albufeiras de águas públicas
é obrigatória.
2 — As albufeiras de águas públicas são classificadas,
para efeitos do presente decreto -lei, num dos seguintes
tipos:
a) Albufeiras de utilização protegida: aquelas que se
destinam a abastecimento público ou se prevê venham a
ser utilizadas para esse fim e aquelas onde a conservação
dos valores naturais determina a sua sujeição a um regime
de protecção mais elevado, designadamente as que
se encontram inseridas em áreas classificadas, tal como
definidas na Lei da Água;
b) Albufeiras de utilização condicionada: aquelas que
apresentam condicionamentos naturais que aconselham
a imposição de restrições às actividades secundárias, designadamente
as que apresentam superfície reduzida, obstáculos
submersos, margens declivosas, dificuldades de
acesso, ou quaisquer características que possam constituir
um risco na sua utilização, bem como as que se localizem
em situação fronteiriça, e aquelas que estejam sujeitas a
variações significativas ou frequentes de nível ou a alterações
do potencial ecológico e do estado químico;
c) Albufeiras de utilização livre: aquelas que não são
susceptíveis de classificação nos tipos previstos nas alíneas
anteriores, apresentando outras vocações, designadamente
turística e recreativa.

Para se concluir que, sendo uma das albufeiras de utilização protegida e a outra de utilização condicionada, as promessas de desenvolvimento, não passarão disso mesmo - promessas.

Pois como reza o Decreto-lei, actividades turísticas e recreativas, só são possíveis em albufeiras de utilização livre.


Que pena! Fomos outra vez enganados…!

domingo, 9 de maio de 2010

As Cavalinhas



Tinha prometido que falaria desta erva, que desponta na Primavera, em alguns (poucos)locais húmidos nas margens do Tâmega. As fotos apresentadas foram colhidas em Fridão, na margem do Tâmega, em área a inundar pela Barragem de Jusante.

O texto que se segue é de alguém(identificada)que sabe do assunto, pois eu sou leigo na matéria.

Cavalinha
(Equisetum arvense L.)

Por: Rose Aielo Blanco


Planta de amplas aplicações medicinais, a cavalinha também é muito usada como ornamental…
Popularmente, a cavalinha (Equisetum arvense L.) é conhecida em algumas regiões como rabo-de-cavalo, milho-de-cobra, erva-carnuda, rabo-de-rato, cauda-de-raposa ou cauda-de-cavalo. Os nomes populares podem ser explicados pela própria descrição botânica da planta: trata-se de uma planta perene, cujos caules desfolhados lembram aspargos e, quando morrem, dão origem a caules ocos, ásperos e fortes, onde crescem folhas duras semelhantes ao junco e à cauda de um cavalo. O nome latino desta planta é derivado de "equi" = cavalo e "setum" = cauda.
A cavalinha é um dos seres vivos mais antigos do planeta - ela é mais antiga ainda que as baratas, que surgiram na Terra há 300 milhões de anos. Esta planta data do período Paleozóico, quando existiam bosques inteiros de cavalinhas gigantes, medindo até 10 metros de altura por 2 metros de diâmetro. Algumas referências destacam que estas plantas surgiram antes da separação dos continentes e do aparecimento do homem, sendo que já foram encontrados fósseis de diversas espécies, algumas com 30 m de altura. Das diversas Equitáceas apenas as plantas do gênero Equisetum sobreviveram, sofrendo uma evolução muito pequena. …
Além da idade espantosa, a cavalinha apresenta outras características bem curiosas. Por ser muito rica em sílica, a planta sempre foi muito usada para polir metais, substituindo inclusive a atual "palha de aço" na limpeza de panelas e caçarolas. A cavalinha apresenta ainda bons teores de cálcio, ferro, magnésio, tanino e sódio. Na Antiga Roma, o uso de infusões preparadas a partir da cavalinha era bem difundido, especialmente para tratar problemas respiratórios, infecções urinárias e da próstata. Sua fama medicinal atravessou os tempos e, actualmente, são atribuídas à cavalinha propriedades capazes de amenizar dores de cabeça, combater hemorragias e fortalecer as paredes das veias, evitando a formação de depósitos de gordura. Por seu poder remineralizante, o chá de cavalinha tem sido divulgado como um poderoso aliado das mulheres que estão ultrapassando a faixa dos 40 anos, pois ajuda a repor os minerais perdidos, afastando o perigo da osteoporose. Entretanto recomenda-se muita cautela com a ingestão de chás e infusões preparadas com esta planta porque, em excesso, há risco de intoxicação e irritação intestinal.

Dois tipos de caule

Trata-se de uma planta muito interessante do ponto de vista botânico. Pertencente à família das Equisetáceas, a cavalinha possui raízes, mas não tem flores e, conseqüentemente, nem sementes. Sua reprodução é garantida pelos esporos contidos nos "esporângios" situados na base de pequenos escudos que se agrupam numa espécie de espiga terminal. Os próprios esporos são dotados de um extraordinário sistema de propagação, pois o invólucro rasga-se em quatro faixas elásticas que, ao se deformarem por efeito do calor, provocam a dispersão dos esporos. Outra curiosidade a respeito desta planta é que ela apresenta dois tipos de caule - os férteis, avermelhados e curtos, sem clorofila, que surgem normalmente no início da primavera e apresentam na extremidade a espiga produtora de esporos (estóbilo); e outros estéreis, que nascem depois que os caules férteis murcham. O caule estéril é verde, longo, canelado, cheio de nós e muita ramificação. É a parte da planta que apresenta as propriedades medicinais.
Originária da Europa, a cavalinha é de fácil cultivo, entretanto é preciso escolher bem o local para o plantio, pois ela se alastra com facilidade. A reprodução é feita por esporos…. Já para obter uma muda, é só retirar cuidadosamente os rebentos que nascem ao redor da planta-mãe ou, então, fazer divisão de gomos, a exemplo do que é feito com o bambu: pega-se uma haste da planta, corta-se em vários pedaços; depois é só plantá-los colocando-os horizontalmente no solo. A planta tem preferência por solos arenosos e argilosos, cresce bem em locais sombreados e não exige muita adubação. Segundo informações da Universidade de Lavras, a cavalinha é uma planta que gosta de água em quantidade, seus rizomas desenvolvem-se melhor em solos húmidos. A humidade é necessária para o processo reprodutivo sexual da planta. Na natureza, a planta ocorre geralmente ao longo de riachos e nas margens de lagos. A melhor época para o corte ou colheita da cavalinha é o verão.

De bem com a beleza, de mal com as cobras

Como inúmeras outras ervas a cavalinha também era usada para "finalidades mágicas". Em tempos remotos, acreditava-se que a planta estava ligada ao planeta Saturno. Com seus caules ocos, os antigos pastores fabricavam flautas que eram usadas para espantar serpentes, daí o nome popular "milho-de-cobra". Além disso, sempre foi muito forte a ligação entre a planta e a fertilidade feminina: quando uma mulher queria engravidar, era costume colocar um vaso de cavalinha dentro do quarto.
Dados famacológicos identificam na cavalinha glicosídeos flavônicos, saponinas, ácido gálico, potássio e sílica como os principais responsáveis pela ação diurética e remineralizante, que permitem a eliminação de substâncias tóxicas. A planta ainda funciona como um diurético suave com ação reguladora e adstringente do trato genito-urinário, também usada em casos de incontinência noturna de crianças. Os taninos são responsáveis pela ação adstringente.O silício apresenta propriedades remineralizantes, participa da calcificação dos ossos, age sobre as fibras elásticas das artérias, diminuindo o risco de ateromatose, principalmente em pessoas com colesterol elevado, regularizando o tônus, elasticidade e resistência dos vasos sangüíneos. Como antiinflamatória ela atua em casos de inchaço e inflamação da próstata. Estimula o metabolismo cutâneo, acelera a cicatrização e aumenta a elasticidade de peles secas e senis, atuando como hidratante profundo. Também age como abrasivo, em razão do seu alto teor de silício. ajuda a recuperar a pele e ferimentos. Por suas propriedades adstringentes e detergentes (saponinas) pode atuar como coadjuvante no tratamento externo da acne
Nos tratamentos de beleza, a cavalinha é muito conhecida: ajuda a evitar varizes e estrias, limpa a pele, fortalece as unhas e dá brilho aos cabelos. Quem quiser experimentar, é só testar algumas receitas:
Óleo para prevenir estrias: Coloque um ramo ou caule de cavalinha (já seca) em um vidro pequeno de óleo de amêndoas. Deixe descansar por 30 dias e passe na pele, sempre após o banho.
Infusão para limpeza de pele: Coloque um punhado da planta (fresca ou seca) em uma vasilha e despeje água fervendo. Abafe e deixe descansar por 10 minutos. Depois de fria, use a infusão com um chumaço de algodão, para limpar a pele.
Para dar brilho aos cabelos e fortalecer as unhas: Faça um chá com caules e folhas de cavalinha, deixe esfriar e use no enxágüe final dos cabelos. Para fortalecer as unhas, faça um chá mais concentrado, deixe amornar e mantenha as unhas imersas por uns 15 minutos, mais ou menos.

quinta-feira, 6 de maio de 2010

Mas, de repente, um muro de cimento...

Desabafo...


Quem cantará o Tâmega, quando se "calar",
Remetido ao silêncio forçado
Pelo gozo de mandar...,
De um qualquer alucinado?

................




Vamos ver agora como sentiu Miguel Torga a construção da barragem que submergiu Vilarinho da Furna...!


Requiem

Viam a luz nas palhas de um curral,
Criavam-se na serra a guardar gado.
À rabiça do arado,
A perseguir a sombra nas lavras,
aprendiam a ler
O alfabeto do suor honrado.
Até que se cansavam
De tudo o que sabiam,
E, gratos, recebiam
Sete palmos de paz num cemitério
E visitas e flores no dia de finados.

Mas, de repente, um muro de cimento
Interrompeu o canto
De um rio que corria
Nos ouvidos de todos.


E um Letes de silêncio represado
Cobre de esquecimento
Esse mundo sagrado
Onde a vida era um rito demorado
E a morte um segundo nascimento.



Miguel Torga
Barragem de Vilarinho da Furna
18 de Julho de 1976

sábado, 1 de maio de 2010

Pobre Amarante...!

EDP: Ministério do Ambiente dá luz verde à barragem do Fridão


O Ministério do Ambiente emitiu sexta feira a declaração de impacto ambiental (DIA) condicionada à cota mais baixa da barragem do Fridão, segundo fonte da tutela.


Era a notícia que em boa verdade eu dispensaria!
Mas também não é nada que já não esperasse!

Aliás recordo o que afirmei no 2º Debate sobre as Barragens de Fridão e que foi mais ou menos isto: O período de consulta pública do Estudo de Impacte Ambiental era só para cumprir calendário e dar a impressão que tudo estava a ser feito dentro da maior isenção!
Recordo ainda que disse, na presença do sr. Presidente do Inag, que a hipótese da Barragem de montante à cota 165 era só para que nos "alegrássemos" com o "benefício" de ela acabar por ficar à cota menor de 160m.

Aí está..., por isso exultem de alegria porque a barragem vai ficar condicionada à cota mais baixa, das duas propostas da EDP!(como se tal decisão alterasse o essencial dos impactes que se irão sofrer!)

E assim se chega ao que já esperava, sem ter visto da parte daqueles a quem competia, uma única acção concreta e atitude consequente, na luta contra atentado de tal envergadura!

Decididamente, todo este processo foi uma desilusão e se outro mérito não teve, serviu no mínimo para enraizar em mim a convicção de que não basta dizer que amamos a nossa terra, mas que devemos defendê-la das agressões "externas", nem que venham mascaradas de "interesse nacional".

O futuro se encarregará de dar razão a quem a tem e não deixará de responsabilizar os autores de tal iniciativa, nem aqueles que com ela pactuaram!

Dói profundamente esta derrota, não por ser uma derrota de quantos se opuseram à construção das barragens, mas por ser essencialmente uma derrota de Amarante e de todos os amarantinos!

Pobre Amarante!!!!

domingo, 25 de abril de 2010

E fez-se luz...


A Fundação EDP apoiou as comemorações do 25 de Abril em Fridão.

Pura coincidência!

Não acredito que o autarca local que até já se manifestou contra a construção da barragem de Fridão- mas que em Assembleia de Freguesia não responde às questões que lhe são colocadas sobre a mesma;que não promoveu uma única iniciativa na freguesia para esclarecimento da população; que nunca informou a população sobre contactos com a EDP- tenha ido mendigar uns euritos para a realização das comemorações do 25 de Abril!
Até porque em anos anteriores sempre se comemorou e com um programa em tudo coincidente com o de 2010 e nunca se fez sentir a falta de apoios daquela envergadura!

Seria esclarecedor sabermos qual foi realmente o contributo da Fundação EDP!

Já...que se faz tarde!

O 25 de Abril continua vivo!
A prová-lo estão as festas alusivas que, um pouco por todo o lado animam este dia!
O povo português com mais ou menos meios, sai à rua; as canções de abril ecoam nas montanhas, nos vales e nas planícies; sucedem-se as iniciativas culturais e desportivas.
À semelhança das comemorações oficiais, salvaguardadas as específicas importância e dimensão do lugar, comemora-se a preceito a revolução dos cravos.


Muitas vezes em festas organizadas por eleitos que regam os cravos com água salgada!

E aproveitam as festitas como operações de charme que renderão votos em futuras eleições, mascarando com o fervor revolucionário a verdadeira actuação prepotente e demagógica de todos os dias!


Valha-nos a a genuina adesão do povo!

25 de Abril JÁ...!

sábado, 3 de abril de 2010

Uma Janela,Uma Serra, Um Vale e Um Rio...

A Sombra do Tâmega

Minha santa janela, onde eu medito
E digo adeus ao sol e falo ao vento…
E saúdo a aurora e leio no Infinito
E sinto, às vezes, um deslumbramento!

Vejo, de ti, a Serra e aquele val’,
Onde aparece a imagem indecisa
Dum rio de águas mortas, espectral,
Que, entre sombrias árvores, desliza.

E vejo erguer-se o rio cristalino,
Transfigurado em sonho ou nevoeiro…
E faz-se eterno espírito divino
Aquele corpo de água prisioneiro.

Ó láctea emanação! Ó névoa densa!
Ó água aberta em asa! Ó água escura!
Água dos fundos pegos, no ar, suspensa,
Vestida, como um Anjo, de brancura!

Água gélida e negra, que te elevas,
Qual fantasma, no Azul, que desfalece!
Ó claro e heróico sol, que vence as trevas,
Porque será que, ao ver-te, empalidece?

Ó água d’além túmulo! Água morta!
Ó água do Outro Mundo! Aparições
De neblina, entre as trevas… Absorta
Paisagem povoada de visões…

E enchendo todo o espaço de esplendores,
De desmaios, de síncopes e mágoas,
Diluindo tudo em místicos alvores,
Ergue-se a sombra lívida das águas…

Quantas vezes, de ti, boa janela,
Eu lhe falo e a interrogo… E, com certeza,
A tua sombra, ó água, é irmã daquela
Que anda em meu coração, e é só tristeza…

Ei-la a pairar na humana solidão
Infinita da noite, quando as cousas
São quimérica e estranha emanação
De silêncios e névoas misteriosas…

Ei-la que paira, ouvindo a voz da lua,
E a voz louca do vento e as ansiedades
Das sombras, que, na terra branca e nua,
Parecem desenhar profundidades…

Ei-la a pairar nas trevas que em nós deixam.
Nas almas e nas pedras da lareira,
Os olhos lacrimosos que se fecham
E dão, em vez de luz, cinza e poeira…

Bem mais do que neste ar, que se respira,
Pairas na minha alma… E com teus dedos
De penumbra, arrebatas minha lira,
Ó Tâmega de sonhos e segredos!

E vais compondo versos de neblina
às árvores do monte, à dura frágua…
Elegias de orvalho à luz divina,
Endeixas de remanso e cantos de água…

E sobes, a voar… E, num sombrio
Gesto de asa, percorres as Alturas!
E molhas minha fronte, aéreo rio;
E, através dela, sonhas e murmuras…

Ó bendita janela, entre as janelas,
Onde fala comigo a luz do luar,
E a claridade viva das estrelas
Que traz, em sangue, os pés de tanto andar!

Bendita sejas tu, ó sempre aberta
Sobre o meu coração e estes outeiros,
E esta noite fantástica e coberta
De espectros, de visões e nevoeiros!

Teixeira de Pascoaes (Joaquim Pereira Teixeira de Vasconcelos), (n. Amarante, 2 de Nov. de 1877 – m. 14 de Dez. de 1952)

quarta-feira, 24 de março de 2010

Por causas ou por "coisas"?




Decorrido o período de discussão pública do Estudo de Impacte Ambiental das Barragens de Fridão, e enquanto aguardamos o veredicto dos "esclarecidos" decisores, por Amarante parece que ainda há muita gente que não tem opção clara sobre o que verdadeiramente quer!

Já não acredito que lhes falte informação, sobre as reais dimensões da tragédia que se irá abater sobre Amarante!!!

E dou comigo a repetir aquele ditado popular que reza:
- O maior cego não é o que não vê, é o que não quer ver"

E o que os levará a não querer ver?

Que forças ocultas;
que interesses inconfessáveis;
Que medos;
que conivências...justificam tal cegueira?

Já é tempo de estarmos esclarecidos e fazermos opções!
Já não é desculpável a existência de partidários do "Nim"

É a nossa terra e o futuro dos nossos descendentes que está em jogo!

Cabe-nos o direito de lutar contra a construção das barragens...
Cabe-nos o direito à indignação para com o destino que nos querem traçar...
Cabe-nos o direito à revolta
Cabe-nos o direito a criticar os que "de cócoras" aceitam o que os outros decidem...
Cabe-nos o direito a erguer a voz e GRITAR:

- Parem, não façam mais mal à nossa terra!

Se não são capazes de nos propocionar um futuro e desenvolvimento assentes nas riquezas que possuimos, também não lhes cabe o direito de as desbaratar ou hipotecar!

Se os amarantinos não assumem a luta contra as barragens de Fridão como uma causa comum, então não há causas que justifiquem, nunca mais,a sua unidade!

É tempo de sermos todos amarantinos e dignos herdeiros do património que nos legaram!

domingo, 21 de março de 2010

"Não, poeta! O teu lugar é aqui na rua!"

O Tâmega foi musa inspiradora de muitos poetas.
Sereno e transparente no Verão,
irado e sombrio d’ Inverno,
nunca passou indiferente aos que o olhavam e
sentiam …!

Alguém cantará o betão das barragens?
Ou o “bucolismo” das albufeiras?



“ Sem esta terra funda e fundo rio,
Que ergue as asas e sobe, em claro voo,
Sem estes ermos montes e arvoredos,
Eu não era o que sou.”
(…)
Pascoaes ,In “As Sombras”

“Cantai-me as vossas cantigas
Junto ao rio a murmurar.
Mas, cuidado raparigas
Deixai-o também cantar”

Pascoaes



Ó Tâmega meu irmão, rio de agruras
Estrada a serpear entre salgueiros
(…)
Nunes Ferreira




Se o Tejo é o maior;
E o Douro o mais profundo
O Tâmega, sem favor
É o mais belo do mundo.

Mestre Zé Maravilha




És tu, rio verde
E doce e amigo
Que banhas as margens
Do meu sonho antigo

És tu que me dás

A fonte cantante
Dos versos que dou

António Brochado Rodrigues




Rio
No silêncio de pedra corre o vale
E só lhe quebra ao fundo a solidão
A voz de água do rio, levando os seixos
Como quem leva sonhos pela mão.

Ilídio Sardoeira




(…Agora vai o viajante entrando em Amarante, cidade que parece italiana ou espanhola, a ponte e as casas que na margem esquerda do Tâmega se debruçam…”

José Saramago


...
O moínho abandonado
continua a trabalhar
na memória do salgueiro
onde o podes escutar.
...
António Cabral



Primeiro era o Rio que descia do nordeste serpenteando por ermos e vales desde as montanhas da Galícia, esculpindo enseadas e canelhos nas suas Ìnsuas, autênticos paraísos escondidos em frondosos e verdejantes arvoredos”

Costa Neves



“Lanço meus olhos ao rio
Que vai correndo a cantar…”

Fernando Marques de Queirós




“… pelas fontes submersas, ignoradas,
Por estas águas queixosas, ressentidas, do Tâmega,
Viajeiras da Galiza e da neblina…”

Manuel Amaral




“… Neles deslizam furtivas carícias do Tâmega sobre seu leito…”

António Roberval Miketen




(…)
Ó rio Tâmega,
Deste amieiro enobrecido
Faremos barcas de amor
Para navegar nas tuas águas.

Xosé Lois Garcia





Canta, poeta! É chegada a tua hora!
Abandona a tua torre dourada,
Anda sentir o povo que chora.

Não faças mais versos à lua…

Não, poeta! O teu lugar é aqui na rua!
José Pinheiro Fonseca



Na rua e na luta!

Não à Barragem de Fridão.

quarta-feira, 17 de março de 2010

NÃO ACREDITO...!!






Hoje passei pelo Arquinho e pasmei…!

A ruas que o delimitam estavam pintadas de negro!

Parei para tentar perceber e, concluí que as mesmas serão alcatroadas.

Estarei enganado?!

Estava convencido que as obras que decorriam naquele espaço nobre da cidade, seriam obras de requalificação, que é como quem diz, qualificar de novo; devolver qualidade perdida!

E esta requalificação não pode ignorar que aquele espaço faz parte integrante da chamada zona histórica da cidade, ou não fosse o espaço onde desaguavam as antigas ruas do Covelo e da Madalena; o espaço onde se erguiam as duas Câmaras dos Concelhos Medievais de Gouveia de Riba-Tãmega e de Gestaço.

Corri a cidade à procura de outro exemplo semelhante e não encontrei nenhum!
A Ponte de S. Gonçalo, o Largo (Terreiro) de S. Gonçalo, a Rua 5 de Outubro tiveram honras de lajeado granítico que as valorizaram.
A rua Cândido dos Reis e a Rua da cadeia, foram calcetadas a cubos graníticos de tamanho XL!

Não percebo como é possível que no Largo do Arquinho, se opte pelo tapete de alcatrão, muito menos agora que ficará a descoberto, a ponte que, datada do Sec.XIII, atesta a antiguidade do povoamento local!

Não me parece que tal opção colha entre a população amarantina e muito menos entre os “nativos” do Covelo, Arquinho e arredores.

Aliás, quando hoje fui ao Arquinho para captar as imagens deste post, um desses nativos, respeitável ancião, que apanhava uma nesga de sol, sentado numas pedras, junto da Garagem, atirou-me logo:

“Toni… o Arquinho vai ficar de luto”

E senti nele, que me conhece desde que nasci, um apelo para que eu, mais novo, dissesse ou fizesse alguma coisa, que ele já não tinha forças para dizer ou fazer.

Nâo sei se a decisão é técnica ou política, mas o que sei é que é uma DECISÃO ERRADA e denota pouco respeito pelo espaço que sempre foi um (dos mais importantes) "FORUM" na nossa "CIVITAS".

sábado, 13 de março de 2010

Vila Meã gosta do Tâmega



Estes dois jovens são alunos do Externato de Vila Meã.
São um só exemplo do empenho da juventude amarantina, na luta por um Rio Tâmega mais limpo e seguro!
Para além da exposição sobre energias renováveis que organizaram, levaram o debate sobre a barragem até terras de ribatâmega.
E hoje, não falharam à manifestação!
Para vós vai o meu obrigado, por sentirem o Tâmega tão vosso, como nós, que na vossa idade, fazíamos dele o espaço previligiado dos nossos tempos livres!

A Festa






A manifestação foi uma verdadeira festa.
Os cartazes ilustraram as nossas preocupações e vontades.
A Quercus a quem como amarantino agradeço o empenho, foi incansável, animou com os seus gaiteiros e tamborileiros todos os manifestantes e a sua juventude exercitou uma verdadeira dança do rio LIVRE, sem muros de betão.
Os canoistas de Amarante não faltaram à festa, levando animação e colorido às águas do Tâmega que corria em baixo!

Os Solidários




O RIO É NOSSO (amarantinos)
Nosso e de quantos sacrificaram o seu descanso de Sábado, para virem manifestar-se ao nosso lado, contra o imperdoável erro que querem cometer e que afectará a nossa terra, a nossa identidade.
Falharam alguns amarantinos...
Notou-se a sua ausência...
Sentiu-se a sua falta...
Mas queremos acreditar que àquela hora estariam, de forma mais recatada e diplomática, a mover as suas influências, para corrigir tamanho erro!

Manifestação 13 de Março de 2010



Eu fui à manifestação...
dizer NÃO À BARRAGEM DE FRIDÃO.
E não me arrependi! Senti-me finalmente no meio de gente que, acima dos meros interesses mercantilistas, coloca a defesa da nossa beleza paisagística, da nossa rica biodiversidade, em suma, da nossa identidade tamegana.
Reencontrei-me com muitos dos que em criança, brincávamos no Areal, na Ponta da Ínsua, nos Poços, na Casca, que ouviamos o eco da nossa voz, quando de barco cruzavamos o arco da Ponte Velha!
Recordamos o nosso amigo e protector Américo(Pacha), exímio professor de natação que, com a ajuda de duas cabaças unidas por um cordel, improvisava as indispensáveis bóias para as braçadas iniciais e fazia de nós, em pouco tempo, capitães do rio; a "Tia Isabelzinha" das guigas; o Sr António Ribeiro pai do Victor e do Carlitos e quantos de forma espontânea e empenhada, por ali, velavam pela nossa segurança.
Recordamos as barracas de banho que eram colocadas na "Gola",os mergulhos do "penedinho" e o Bar que a Cãmara Municipal de Amarante, instalava no Areal, onde comprávamos "os patoquinhos" de bolachas para o lanche.
E SENTIMOS...! que O RIO É NOSSO.

quinta-feira, 11 de março de 2010

Risco Zero ...ou mais ou menos!



"As máquinas da obra foram usadas para remover os escombros (Nelson Garrido)


Notícia d’o Público de 10-03-2010

Um homem de 23 anos foi encontrado morto dentro de um automóvel que ficou sob os escombros da cofragem metálica do viaduto em construção que caiu ao início da noite de ontem no IP4, em Amarante. O acidente provocou ainda ferimentos ligeiros em oito operários que trabalhavam na obra."




Não posso deixar de lamentar a perda de mais uma vida humana e, como amarantino, doi-me também reconhecer que mais uma família vai ter razão em sentir o nome de Amarante, ligado à sua infelicidade e desgraça!

Pelo que sei, o acidente ocorreu durante a betonagem do referido viaduto! Entretanto o trânsito não foi cortado na A4/IP4, possivelmente porque os técnicos de reconhecido valor, "tinham consciência" de que os riscos inerentes àquela obra, "seriam diminutos" e a segurança "seria total"!!!
Ou não arriscariam daquela forma...!

Se antes do acidente lhes perguntassem sobre a possibilidade de ele vir a ocorrer, seriam capazes de afirmar que essa era uma hipótese muito remota,ou até inexistente.

MAS ACONTECEU...!!!!!

E algum SÁBIOS, já concluiram que houve "erro humano"!!!
Pudera, o viaduto não estava a ser construido por extra-terrestres, ou por qualquer outra espécie animal diferente do HOMEM!!!

Tudo isto só para lhes dizer que um qualquer "erro humano" na construção da Barragem de Fridão, ou uma ligeira "indisposição" da mãe natureza, causaria um acidente de proporções, que nem é bom imaginar!...
APESAR DE O RISCO SER DIMINUTO como nos querem fazer crer!



ESTÃO DISPOSTOS A ARRISCAR!?

terça-feira, 9 de março de 2010

ONDA CHOQUE


Recebi hoje no meu mail o ofício do INAG, enviado ao amigo Coronel Artur Freitas. Julgo que o teor do mesmo é mais do que suficiente para que possamos antever o apocalípse, que constituiria, para Amarante, a ruptura da Barragem com que pretendem presentear-nos.

E não me venham com tretas sobre a improvabilidade de tal acidente!

Só por inconsciência alguém pode reduzir o risco a zero!

E a não estar reduzido a zero, há sempre uma hipótese de acontecer!

É vergonhoso que qualquer amarantino, seja ele quem for, ainda tenha o desplante de tentar defender a construção da Barragem ou continue a minimizar a questão, como se todos os outros que a recusam fossem mentecaptos ou alarmistas!

Depois de ler aquele ofício fiz um pequeno exercício para ver onde chegaria a onda no centro de Amarante.


Os marcadores amarelos, sobre o mapa anexo, ajudam a perceber que a generalidade do centro da nossa cidade desapareceria.


Depois disto quero ver quem ainda tem face para encolher os ombros quando se falar da construção da barragem.


E também espero estar lá, para ver quem é que no dia 13 de Março vai enterrar a cabeça na areia e calar a voz que deveria erguer bem alta contra a dita construção!


Todos à Manifestação contra a construção da Barragem de Fridão!

Dia 13 de Março às 12 horas na Ponte de S. Gonçalo.




domingo, 28 de fevereiro de 2010

Mirtus (murta)



Esta é uma belíssima planta aromática que abunda nas margens do Tâmega e que na Primavera se cobre de umas belas flores brancas. No Outono cobrem-se de bagas negras que dão alimentos às aves que abundam no arvoredo ribeirinho.

Manifestação " Não às Barragens do Tâmega"



Sabia que…?
…já existem mais de 165 grandes barragens em Portugal?


…a transformação de um rio de água corrente num lago artificial põe em risco a qualidade da água e muitas espécies de animais e plantas?


…só a barragem de Fridão vai destruir centenas de hectares de Reserva Agrícola e Reserva Ecológica Nacional, pontes antigas, praias fluviais, uma ETAR e muitas habitações?


…as barragens não criam empregos e que aliás a EDP tem várias barragens sem ninguém a trabalhar no local?


…é obrigatório fazer um estudo conjunto de todas as barragens no Tâmega e tal não foi feito?


…existem alternativas mais baratas e com menos prejuízo para o ambiente e para as populações? Como o aumento de potência das barragens já existentes, a aposta na eficiência energética, a energia solar…

Diga não às barragens no Tâmega! Participe na Manifestação.

A gilbardeira




A gilbardeira é uma espécie protegida pela Directiva Habitats, que abunda na área que vai ser submergida pela albufeira de Juzante da Barragem de Fridão. Não ocorre pontualmente, mas pelo contrário cobre áreas suficientemente largas das margens do Tâmega, que embelezam com a sua cor verde garrafa e bagas de um vermelho vivo que fazem lembrar as do azevinho.
Sobre ela encontrei na net a seguinte informação que disponibilizo e agradeço ao autor que não consegui identificar.
“Gilbardeira

Nome Comum - Gilbardeira
Nome Científico - Ruscus aculeatus


Descrição - Planta que se mantém verde durante todo o ano, apresentando um rizoma, caule subterrâneo, a partir do qual brotam vários caules rígidos e verdes, alcançando entre
10 a 150 cm de altura.
As folhas encontram-se reduzidas a pequenas escamas que emergem da axila de expansões caulinares ovais ou lanceoladas que terminam em ponta espinhosa, os cladódios, confundíveis com folhas.
As flores são diminutas, localizam-se na superfície superior do cladódio e apresentam uma cor esverdeada tenuamente tingida de violeta.
O fruto é uma baga globosa de cor vermelha viva com 1 a 4 sementes .

Biologia - Subarbusto vivaz, rizomatoso, com flores unissexuais, isto é flores masculinas e femininas no mesmo indivíduo. Floresce durante o Inverno e início da Primavera e os frutos amadurecem no Outono e no Inverno. Espécie que tolera bem a sombra, habitats secos e uma grande gama de tipos de solos.

Habitat - Bosques e formações arbustivas frescas e sombrias, sob coberto de matas e em areias litorais, desde o nível do mar até aos 1400 metros de altitude.

Distribuição - Ocorre espontaneamente um pouco por todo o Centro e Sul da Europa, Ilhas dos Açores, Canárias, Baleares e Reino Unido, Sudoeste Asiático e Norte de África.


Conservação- A Gilbardeira consta de uma lista de espécies de interesse comunitário.
A sua colheita na natureza e exploração deverá ser objecto de medidas de gestão
(Directiva 92/43/CEE/Directiva habitats).

Curiosidades - O rizoma da Gilbardeira juntamente com as raízes de aipo, funcho, salsa e espargo entram na composição de uma infusão denominada “xarope das 5 raízes”, que possui propriedades diuréticas muito apreciadas. Dos seus ramos fazem-se vassouras para varrer ruas e limpar chaminés.”

sábado, 27 de fevereiro de 2010

O Hipericão

É uma erva medicinal que abunda nas margens do Tâmega e que na Primavera se enche de belas e úteis flores amarelas.
Sendo conhecidas as suas propriedades medicinais, não são raras as vezes que se vêm os populares a colher as flores para atalharem às suas maleitas!
Deixo um apontamento sobre as suas propriedades que colhi na net:

"HIPERICÃO
A sua designação em Latim é Hypericum perforatum.
Planta herbácea vivaz da flora da Europa Ocidental e Meridional e Próximo Oriente até ao Irão.
Em Portugal encontra-se em lugares sombrios e húmidos.
Pertence à familia das Gutiferáceas (Hipericáceas), sendo utilizadas medicinalmente as partes aéreas floridas. Esta é constituída por compostos fenólicos com ácidos fenólicos e flavonóides.
Apresenta as seguintes propriedades:
Nas doenças hepáticas;
Nas cólicas nefríticas e cistites;
Diurético;
Cicatrizante;
Externamente, em caso de queimaduras e convulsões. "

Na Primavera voltarei com o hipericão florido.

As Cheias do Tâmega


São cíclicas!
O Tâmega, cansado das margens que o espartilham, cresce e alarga-se invadindo os campos que lhe são vizinhos!
"Lava-se nas matas ribeirinhas" purificando-se de toda a sorte de lixo que nele depositam!
É a sua pequena vingança...devolve o que não lhe interessa!
E arrastando aqui, depositando acolá, vai-se renovando sem macular a sua singular beleza que desponta todas as primaveras!
Já nos habituamos às cheias e, orgulhosamente ostentamos nas paredes das nossas ruas, as placas dessas efemérides mais significativas, que mostramos aos turistas incrédulos e ávidos de informação.
Daí continuarmos a querer este rio milenar tão livre e selvagem, quanto livre e selvagem o legaram as gerações do passado.
Que o deus Tameobrigo continue a protegê-lo na sua cavalgada livre até ao Douro, que de braços abertos o recebe, para com ele recordar o seu próprio passado de rio indomado!

sexta-feira, 19 de fevereiro de 2010

Mexilhões



Estes são do Tâmega, encontrados nas Fontainhas de Baixo em Fridão, em área a submergir pela albufeira de juzante. Embora não possa confirmar a espécie a que pertencem, são pelo menos o comprovativo de que algo falhou no Estudo de Impacte Ambiental, que nem sequer os refere.(1)
Seria bom proceder a um estudo mais profundo sobre as espécies da fauna e flora afectadas pelas barragens previstas.
Procurarei daqui para diante mostrar o maior número de paisagens "a abater" pelas Barragens de Fridão, bem como das espécies da fauna e flora que abundam nesta região.
Talvez assim consiga acordar alguns empedernidos para a riqueza que todos iremos perder ao submergir tão grande porção do Tâmega, riquezas que poderiam potenciar um verdadeiro desenvolvimento sustentado de toda a região.
É o meu humilde contributo para a defesa da nossa identidade!
(1)- Em abono da verdade retirei a referência à espécie Margaritifera, margaritifera, pois não sendo especialista fui informado que poderia não se tratar de elementos daquela espécie.

terça-feira, 16 de fevereiro de 2010

Ainda e sempre as Barragens de Fridão


Por me parecer de toda a importância para a consciencialização de todos os amarantinos, resolvi postar o comunicado da Quercus




"Quercus contra construção da barragem de Fridão

Prejuízos ultrapassam largamente os benefícios

A Quercus – Associação Nacional de Conservação da Natureza, enviou ontem o seu parecer desfavorável à construção da barragem de Fridão, no âmbito da Consulta Pública ao Estudo de Impacte Ambiental do Aproveitamento Hidroeléctrico de Fridão que terminou ontem, dia 15 de Fevereiro. A Quercus não tem dúvidas em considerar que os prejuízos para a região e para o país ultrapassam largamente os benefícios de construção deste empreendimento.

Elencam-se os principais argumentos que justificam esta posição:

- o prejuízo para a qualidade da água do Tâmega e a violação da Directiva-Quadro da Água;
- não se ter equacionado no Estudo de Impacte Ambiental a possibilidade de reforços de potência em barragens já existentes que, segundo dados da EDP, seriam suficientes para alcançar as metas de potência em centrais hidroeléctricas;
- o contributo pouco significativo para a produção de electricidade, representando apenas 0,4% do consumo de electricidade em Portugal;
- a ausência até à data de um plano consistente de eficiência energética, havendo estudos governamentais que apontam para a possibilidade de redução do consumo de energia eléctrica em cerca de 20% sem sacrificar a economia ou o conforto, estando este valor muito acima do contributo de 3% previsto com a construção das 10 novas barragens do Plano Nacional de Barragens;
- o elevado impacto ao nível da fauna e da flora da região, inclusivamente em muitas espécies com estatuto de protecção elevado, decorrente da submersão de centenas de hectares de Reserva Ecológica Nacional, Reserva Agrícola Nacional e até de habitats classificados e prioritários;
- a falta de rigor e inconsistência do Estudo de Impacte Ambiental, que não faz uma análise dos impactes cumulativos das 5 novas barragens previstas para a zona e que não menciona espécies relevantes como é o caso do mexilhão-de-rio, Margaritifera margaritifera L. [Estatuto de Conservação: Global (IUCN 1994): EN (Em perigo) e protecção legal através dos Decretos-lei nº 140/99 e nº 316/89];
- o impacte negativo e significativo da transformação de um sistema de água corrente num sistema de água parada, com elevadas consequências para a biodiversidade e para a qualidade da água;
- elevada perda socioeconómica para a região, devido à submersão de relevantes manchas de zonas de produção agrícola e florestal, além de infra-estruturas como praias fluviais, uma ponte romana, uma ETAR, património de interesse público, um parque de campismo, uma pista de canoagem e muitas casas de habitação cujos habitantes terão de ser deslocados;
- existência de alternativas energéticas mais baratas e com menos impacto para o ambiente, nomeadamente através da promoção da eficiência energética.

Assim, a Quercus exige a renúncia de construção da barragem de Fridão uma vez que é bastante claro que os impactes negativos são demasiado relevantes para os fracos benefícios e porque existem alternativas viáveis que não estão a ser consideradas.

Porto, 16 de Fevereiro de 2010

A Direcção Nacional da Quercus - Associação Nacional de Conservação da Natureza
A Direcção do Núcleo Regional do Porto da Quercus"

segunda-feira, 15 de fevereiro de 2010


As verdades caladas…

Barragens de Fridão
Estudo de Impacte Ambiental (EIA)

O que eles não gostavam que se soubesse...


Barragem de Jusante (Borralheiro-Fridão)


…”Relativamente à barragem de Jusante, devido à sua maior oscilação que pode atingir os 9 metros, esses impactes serão de magnitude elevada, significativos, certos, locais, directos, permanentes e irreversíveis.
Em qualquer circunstância, e em todas as situações, os volumes turbinados dão
origem a variações relativamente rápidas dos níveis de água na albufeira de jusante, o que não permite o seu uso para qualquer outro fim…”
Neste caso o impacte é tão negativo que os técnicos recomendam a arborização de certos espaços, para impossibilitar a observação da albufeira a partir da Estrada Nacional 312.




Sismicidade Induzida

…”tendo em conta que o Escalão Principal poderá atingir a altura de 102 m, torna-se necessário considerar a possibilidade da respectiva albufeira poder dar origem a sismos induzidos pelo seu enchimento…”


Mas a situação não se altera se a altura se ficar pelos 97 metros(!)
Por isso temos de nos preparar para eventuais tremores de terra, ocasionados pelo enchimento da albufeira! (que ninguém nos garante não virem a acontecer!)



Avaliação de Qualidade da Água no Âmbito da Directiva Quadro da Água (DQA)

“Deste modo e em relação às alterações introduzidas no Rio Tâmega pelas albufeiras do Escalão Principal e de Jusante na qualidade da água, os impactes serão negativos, de magnitude elevada, directos e serão permanentes, certos e irreversíveis.”

E assim lá se vai o melhoramento da qualidade da água no centro urbano, que nos vinham a prometer, e não demora, o melhor será subir a cota do Torrão aos 65m!


Flora

“De um modo geral, os impactes na flora e vegetação na fase de construção ( e não só - digo eu…) classificam-se de negativos, de magnitude elevada, permanentes, irreversíveis e significativos.”

Isto apesar de os técnicos, no EIA, tudo terem feito para minimizar a qualidade e diversidade ambiental da região afectada!


Fauna
“…os impactes na Fauna são classificados de negativos de magnitude moderada, permanentes e irreversíveis, sendo directos, certos e imediatos. São em geral classificados de significativos e são minimizáveis e compensáveis…”




E tudo isto se vai passar apesar de se reconhecer que:

“De uma forma geral, pode considerar-se que o Aproveitamento Hidroeléctrico do Fridão tem impactes significativos no ambiente aquático, tanto mais que se desenvolve num troço do rio que, como foi referido na caracterização da situação de referência, está bastante bem preservado e com uma boa qualidade ecológica



Captações de água a jusante das barragens (minas, poços e nascentes)

“Variação do nível freático a jusante da barragem por retenção de água a montante
da mesma – durante o enchimento gradual inicial da albufeira, irá ocorrer uma
diminuição do caudal normal no rio Tâmega pelo facto de água passar a estar
armazenada na albufeira.
Este facto poderá ter um efeito temporário no nível freático dos aquíferos localizados
para jusante da barragem, provocando o seu rebaixamento. Este rebaixamento
também poderá conduzir a um aumento do fluxo de água subterrânea dos aquíferos
para o curso de água. Tal significa que passaremos a ter menor quantidade de água armazenada e disponível nos aquíferos localizados a jusante da(s) barragem(ns).
Este é um impacte negativo, que pode ser significativo mas com uma magnitude
relativamente reduzida. A sua duração será temporária, de efeito local, uma vez que
a área a jusante que venha a ser afectada é diminuta, com incidência indirecta,
reversível e com efeito a médio prazo. Este impacte, negativo, sendo difícil de
minimizar, pode ser compensado”

Com isto lá cai a mentira de que em Fridão iríamos ter uma maior disponibilidade de água nos nascentes, naturais ou resultantes de explorações!

Vai haver menos água para consumo e rega e seguramente de pior qualidade!



Estes são alguns dos impactes significativos que irão alterar de forma radical a vida das populações.