quarta-feira, 24 de março de 2010

Por causas ou por "coisas"?




Decorrido o período de discussão pública do Estudo de Impacte Ambiental das Barragens de Fridão, e enquanto aguardamos o veredicto dos "esclarecidos" decisores, por Amarante parece que ainda há muita gente que não tem opção clara sobre o que verdadeiramente quer!

Já não acredito que lhes falte informação, sobre as reais dimensões da tragédia que se irá abater sobre Amarante!!!

E dou comigo a repetir aquele ditado popular que reza:
- O maior cego não é o que não vê, é o que não quer ver"

E o que os levará a não querer ver?

Que forças ocultas;
que interesses inconfessáveis;
Que medos;
que conivências...justificam tal cegueira?

Já é tempo de estarmos esclarecidos e fazermos opções!
Já não é desculpável a existência de partidários do "Nim"

É a nossa terra e o futuro dos nossos descendentes que está em jogo!

Cabe-nos o direito de lutar contra a construção das barragens...
Cabe-nos o direito à indignação para com o destino que nos querem traçar...
Cabe-nos o direito à revolta
Cabe-nos o direito a criticar os que "de cócoras" aceitam o que os outros decidem...
Cabe-nos o direito a erguer a voz e GRITAR:

- Parem, não façam mais mal à nossa terra!

Se não são capazes de nos propocionar um futuro e desenvolvimento assentes nas riquezas que possuimos, também não lhes cabe o direito de as desbaratar ou hipotecar!

Se os amarantinos não assumem a luta contra as barragens de Fridão como uma causa comum, então não há causas que justifiquem, nunca mais,a sua unidade!

É tempo de sermos todos amarantinos e dignos herdeiros do património que nos legaram!

domingo, 21 de março de 2010

"Não, poeta! O teu lugar é aqui na rua!"

O Tâmega foi musa inspiradora de muitos poetas.
Sereno e transparente no Verão,
irado e sombrio d’ Inverno,
nunca passou indiferente aos que o olhavam e
sentiam …!

Alguém cantará o betão das barragens?
Ou o “bucolismo” das albufeiras?



“ Sem esta terra funda e fundo rio,
Que ergue as asas e sobe, em claro voo,
Sem estes ermos montes e arvoredos,
Eu não era o que sou.”
(…)
Pascoaes ,In “As Sombras”

“Cantai-me as vossas cantigas
Junto ao rio a murmurar.
Mas, cuidado raparigas
Deixai-o também cantar”

Pascoaes



Ó Tâmega meu irmão, rio de agruras
Estrada a serpear entre salgueiros
(…)
Nunes Ferreira




Se o Tejo é o maior;
E o Douro o mais profundo
O Tâmega, sem favor
É o mais belo do mundo.

Mestre Zé Maravilha




És tu, rio verde
E doce e amigo
Que banhas as margens
Do meu sonho antigo

És tu que me dás

A fonte cantante
Dos versos que dou

António Brochado Rodrigues




Rio
No silêncio de pedra corre o vale
E só lhe quebra ao fundo a solidão
A voz de água do rio, levando os seixos
Como quem leva sonhos pela mão.

Ilídio Sardoeira




(…Agora vai o viajante entrando em Amarante, cidade que parece italiana ou espanhola, a ponte e as casas que na margem esquerda do Tâmega se debruçam…”

José Saramago


...
O moínho abandonado
continua a trabalhar
na memória do salgueiro
onde o podes escutar.
...
António Cabral



Primeiro era o Rio que descia do nordeste serpenteando por ermos e vales desde as montanhas da Galícia, esculpindo enseadas e canelhos nas suas Ìnsuas, autênticos paraísos escondidos em frondosos e verdejantes arvoredos”

Costa Neves



“Lanço meus olhos ao rio
Que vai correndo a cantar…”

Fernando Marques de Queirós




“… pelas fontes submersas, ignoradas,
Por estas águas queixosas, ressentidas, do Tâmega,
Viajeiras da Galiza e da neblina…”

Manuel Amaral




“… Neles deslizam furtivas carícias do Tâmega sobre seu leito…”

António Roberval Miketen




(…)
Ó rio Tâmega,
Deste amieiro enobrecido
Faremos barcas de amor
Para navegar nas tuas águas.

Xosé Lois Garcia





Canta, poeta! É chegada a tua hora!
Abandona a tua torre dourada,
Anda sentir o povo que chora.

Não faças mais versos à lua…

Não, poeta! O teu lugar é aqui na rua!
José Pinheiro Fonseca



Na rua e na luta!

Não à Barragem de Fridão.

quarta-feira, 17 de março de 2010

NÃO ACREDITO...!!






Hoje passei pelo Arquinho e pasmei…!

A ruas que o delimitam estavam pintadas de negro!

Parei para tentar perceber e, concluí que as mesmas serão alcatroadas.

Estarei enganado?!

Estava convencido que as obras que decorriam naquele espaço nobre da cidade, seriam obras de requalificação, que é como quem diz, qualificar de novo; devolver qualidade perdida!

E esta requalificação não pode ignorar que aquele espaço faz parte integrante da chamada zona histórica da cidade, ou não fosse o espaço onde desaguavam as antigas ruas do Covelo e da Madalena; o espaço onde se erguiam as duas Câmaras dos Concelhos Medievais de Gouveia de Riba-Tãmega e de Gestaço.

Corri a cidade à procura de outro exemplo semelhante e não encontrei nenhum!
A Ponte de S. Gonçalo, o Largo (Terreiro) de S. Gonçalo, a Rua 5 de Outubro tiveram honras de lajeado granítico que as valorizaram.
A rua Cândido dos Reis e a Rua da cadeia, foram calcetadas a cubos graníticos de tamanho XL!

Não percebo como é possível que no Largo do Arquinho, se opte pelo tapete de alcatrão, muito menos agora que ficará a descoberto, a ponte que, datada do Sec.XIII, atesta a antiguidade do povoamento local!

Não me parece que tal opção colha entre a população amarantina e muito menos entre os “nativos” do Covelo, Arquinho e arredores.

Aliás, quando hoje fui ao Arquinho para captar as imagens deste post, um desses nativos, respeitável ancião, que apanhava uma nesga de sol, sentado numas pedras, junto da Garagem, atirou-me logo:

“Toni… o Arquinho vai ficar de luto”

E senti nele, que me conhece desde que nasci, um apelo para que eu, mais novo, dissesse ou fizesse alguma coisa, que ele já não tinha forças para dizer ou fazer.

Nâo sei se a decisão é técnica ou política, mas o que sei é que é uma DECISÃO ERRADA e denota pouco respeito pelo espaço que sempre foi um (dos mais importantes) "FORUM" na nossa "CIVITAS".

sábado, 13 de março de 2010

Vila Meã gosta do Tâmega



Estes dois jovens são alunos do Externato de Vila Meã.
São um só exemplo do empenho da juventude amarantina, na luta por um Rio Tâmega mais limpo e seguro!
Para além da exposição sobre energias renováveis que organizaram, levaram o debate sobre a barragem até terras de ribatâmega.
E hoje, não falharam à manifestação!
Para vós vai o meu obrigado, por sentirem o Tâmega tão vosso, como nós, que na vossa idade, fazíamos dele o espaço previligiado dos nossos tempos livres!

A Festa






A manifestação foi uma verdadeira festa.
Os cartazes ilustraram as nossas preocupações e vontades.
A Quercus a quem como amarantino agradeço o empenho, foi incansável, animou com os seus gaiteiros e tamborileiros todos os manifestantes e a sua juventude exercitou uma verdadeira dança do rio LIVRE, sem muros de betão.
Os canoistas de Amarante não faltaram à festa, levando animação e colorido às águas do Tâmega que corria em baixo!

Os Solidários




O RIO É NOSSO (amarantinos)
Nosso e de quantos sacrificaram o seu descanso de Sábado, para virem manifestar-se ao nosso lado, contra o imperdoável erro que querem cometer e que afectará a nossa terra, a nossa identidade.
Falharam alguns amarantinos...
Notou-se a sua ausência...
Sentiu-se a sua falta...
Mas queremos acreditar que àquela hora estariam, de forma mais recatada e diplomática, a mover as suas influências, para corrigir tamanho erro!

Manifestação 13 de Março de 2010



Eu fui à manifestação...
dizer NÃO À BARRAGEM DE FRIDÃO.
E não me arrependi! Senti-me finalmente no meio de gente que, acima dos meros interesses mercantilistas, coloca a defesa da nossa beleza paisagística, da nossa rica biodiversidade, em suma, da nossa identidade tamegana.
Reencontrei-me com muitos dos que em criança, brincávamos no Areal, na Ponta da Ínsua, nos Poços, na Casca, que ouviamos o eco da nossa voz, quando de barco cruzavamos o arco da Ponte Velha!
Recordamos o nosso amigo e protector Américo(Pacha), exímio professor de natação que, com a ajuda de duas cabaças unidas por um cordel, improvisava as indispensáveis bóias para as braçadas iniciais e fazia de nós, em pouco tempo, capitães do rio; a "Tia Isabelzinha" das guigas; o Sr António Ribeiro pai do Victor e do Carlitos e quantos de forma espontânea e empenhada, por ali, velavam pela nossa segurança.
Recordamos as barracas de banho que eram colocadas na "Gola",os mergulhos do "penedinho" e o Bar que a Cãmara Municipal de Amarante, instalava no Areal, onde comprávamos "os patoquinhos" de bolachas para o lanche.
E SENTIMOS...! que O RIO É NOSSO.

quinta-feira, 11 de março de 2010

Risco Zero ...ou mais ou menos!



"As máquinas da obra foram usadas para remover os escombros (Nelson Garrido)


Notícia d’o Público de 10-03-2010

Um homem de 23 anos foi encontrado morto dentro de um automóvel que ficou sob os escombros da cofragem metálica do viaduto em construção que caiu ao início da noite de ontem no IP4, em Amarante. O acidente provocou ainda ferimentos ligeiros em oito operários que trabalhavam na obra."




Não posso deixar de lamentar a perda de mais uma vida humana e, como amarantino, doi-me também reconhecer que mais uma família vai ter razão em sentir o nome de Amarante, ligado à sua infelicidade e desgraça!

Pelo que sei, o acidente ocorreu durante a betonagem do referido viaduto! Entretanto o trânsito não foi cortado na A4/IP4, possivelmente porque os técnicos de reconhecido valor, "tinham consciência" de que os riscos inerentes àquela obra, "seriam diminutos" e a segurança "seria total"!!!
Ou não arriscariam daquela forma...!

Se antes do acidente lhes perguntassem sobre a possibilidade de ele vir a ocorrer, seriam capazes de afirmar que essa era uma hipótese muito remota,ou até inexistente.

MAS ACONTECEU...!!!!!

E algum SÁBIOS, já concluiram que houve "erro humano"!!!
Pudera, o viaduto não estava a ser construido por extra-terrestres, ou por qualquer outra espécie animal diferente do HOMEM!!!

Tudo isto só para lhes dizer que um qualquer "erro humano" na construção da Barragem de Fridão, ou uma ligeira "indisposição" da mãe natureza, causaria um acidente de proporções, que nem é bom imaginar!...
APESAR DE O RISCO SER DIMINUTO como nos querem fazer crer!



ESTÃO DISPOSTOS A ARRISCAR!?

terça-feira, 9 de março de 2010

ONDA CHOQUE


Recebi hoje no meu mail o ofício do INAG, enviado ao amigo Coronel Artur Freitas. Julgo que o teor do mesmo é mais do que suficiente para que possamos antever o apocalípse, que constituiria, para Amarante, a ruptura da Barragem com que pretendem presentear-nos.

E não me venham com tretas sobre a improvabilidade de tal acidente!

Só por inconsciência alguém pode reduzir o risco a zero!

E a não estar reduzido a zero, há sempre uma hipótese de acontecer!

É vergonhoso que qualquer amarantino, seja ele quem for, ainda tenha o desplante de tentar defender a construção da Barragem ou continue a minimizar a questão, como se todos os outros que a recusam fossem mentecaptos ou alarmistas!

Depois de ler aquele ofício fiz um pequeno exercício para ver onde chegaria a onda no centro de Amarante.


Os marcadores amarelos, sobre o mapa anexo, ajudam a perceber que a generalidade do centro da nossa cidade desapareceria.


Depois disto quero ver quem ainda tem face para encolher os ombros quando se falar da construção da barragem.


E também espero estar lá, para ver quem é que no dia 13 de Março vai enterrar a cabeça na areia e calar a voz que deveria erguer bem alta contra a dita construção!


Todos à Manifestação contra a construção da Barragem de Fridão!

Dia 13 de Março às 12 horas na Ponte de S. Gonçalo.